Uma história de WC

A minha atenção para as casas de banho como espaços de cruising/engate homossexual, um verdadeiro buraco negro nas sociabilidades homossexuais, é antiga… já anteriormente dediquei um texto aos modos como os “grafittis” de WC discursam sobre homofobia e desejo (homo)sexual.
Mas a história de hoje começa exactadamente num centro comercial da cidade, num das suas casa de banho e num olhar…
Um olhar recíproco que me fez sorrir para o “outro” que para mim olhava! Saí… e descansadamente fiquei a olhar as montras… o passo seguinte foi a pergunta “Tem horas?”… e assim, respondida a pergunta veio o convite para o café na esplanada do centro comercial.
Sabia o que se passava… aquele homem estava a tentar engatar-me! Eu queria falar com ele… e assim foi… explicado que não haveria engate falei um pouco do trabalho que realizava.
Então veio a história: um homem de 50 anos que hoje afirma-se homossexual, classe média, profissional liberal, dois divórcios (foi nos dois casos trocado por outro) dois filhos, um deles “pouco mais novo que tu”, e “muito amor para dar!”. Acredita o meu interlocutor que nas WC espera vir a conhecer alguém que converse com ele que lhe fale do “amor entre homens” que lhe explique o sentido do “ser gay”, como são os bares gays, ou quais os sítios de Coimbra onde pode conhecer outros homossexuais.
Mas mais do que tudo ele diz “procuro alguém com quem partilhar o resto da minha vida, não interessa a idade nem o status económico, só a vontade de amar e ser amado”.