Tuesday, May 03, 2005

controlo da sexualidade e espaço público

Sabemos e já o referi aqui que determinados espaços públicos e semi-públicos (bares, estações de caminhos de ferros, espaços universitários e centros comerciais) “funcionam”, - ou se quisermos adquirem uma nova funcionalidade – como locais de encontro homossexual.
Um olhar sobre a questão do encontro homossexual no espaço público urbano pode nos dar uma visão característica de algumas práticas sociais.
Como já por aqui referi os domingos pela tarde são na “Estação Nova” (Coimbra A para os não “coimbrinhas”) bastante “animados” como local de encontro homossexual.
No domingo passado resolvi ir por ali uma “horita” observar… cheguei e a coisa estava muito calma, muito pouco “pessoal”.
Questionei-me mesmo sobre o que se passava pois em nada era habitual aquela calma… pensei inclusive que a chuva que se tinha batido sobre a cidade de manhã tivesse levada a “gayzada” a ficar em casa.
Depois percebi… um segurança!
A CP tem um contrato com uma daquelas empresas de segurança que pululam por todo o lado. Os “senhores” da empresa, habitualmente jovens atléticos, mantém habitualmente um ritmo de vigilância ao WC. Normalmente essa vigilância é feita de um lugar, afastado uns 30 metros, de onde os mesmos têm uma visão panóptica sobre quase toda a estação. Deste modo controlam as estradas e saídas e outro tipo de movimentos.
Mas no domingo a coisa estava estranha! O segurança de serviço, um trintão barrigudo, com um “olhar de tarado” agia de um modo distinto: com uma frequência elevada (de 5 em 5 minutos) dirigia-se à porta do WC e entrava por breves segundos…
Era tão óbvia a vontade de controlar os homossexuais presentes nos diferentes espaços da estação que a sua presença e modo de agir quase roçava o “ridículo”.
Passeava-se, sempre em torno da plataforma onde se situam a WC, olhando ostensivamente para as pessoas, tentando aparentemente descortinar os homossexuais presentes, numa lógica de controlo… que me fez sorrir!
Nesta tarde pouco mais existiu… até que ele foi embora… do que um grupo de “gays” perdidos e a tentarem perceber como poderiam fugir àquele controlo apertado…

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