Friday, May 06, 2005

As Notas da Serenata


A Serenata da Queima está para começar. Como estou ainda em frente ao computador resolvi ir ver como estava a "sala" onde se encontram as pessoas que no “centro de Portugal” estão “on line” no “Gaydar". Esperava que estivessem poucas. Mas não, estão o valor médio de 40 o habital para a meia-noite de um dia de semana. Pelos “nicks” são os habituais… nada de novo… resolveram não ir à Serenata!


São 0h e 30m… alguns estudantes ainda se encaminham, tal como eu, para o largo da Sé Velha mesmo sabendo que desde as 22h que, por lá, não deve haver espaço…
Olho e vejo um grupo, (alcoolicamente) animado, imitando os trejeitos do José Castelo Branco e ironizando com um jovem colega.
Ele cora… olha para mim… e percebo… mais um homossexual que vive o seu primeiro ano em Coimbra, que hoje vestiu o traje pela primeira vez e que tenta, também pela primeira vez, (re)conhecer a mítica festa dos estudantes.
Continuam com a brincadeira enquanto descem "animados" a rua das Covas.

Mi
Acabada a Serenata foi tempo, dos milhares de estudantes da cidade inteira, se dirigirem para os diferentes “convívios” que com algumas mudanças de figurino nos últimos anos - estes grandes eventos da academia coimbrã que são os “convívios da queima” - realizam-se no espaço do Pólo I da Universidade.
Assim cerca da 1h e 30m o Pátio das Escolas e a Rua Larga estavam atapetados de uma escuridão de trajes e capas negras. A alegria era grande: os jantares regados com vinho de má qualidade, e as cervejas que se vendem por todo o lado – uma mercearia nas traseiras da Sé Velha transformou-se num bar - durante estes dias ajudavam a alegria!


Vagueio… encontro alguns dos meus informantes – se bem que nenhum me tenha confirmado a sua ida ao Largo da Sé assitir à Serenata – e curiosamente nenhum deles trajava.
Questão: será o traje académico – símbolo da homófoba e sexista praxe - um coisa de heterossexuais? Ou será que numa noite tão animada os meus informantes preferiram o modelito da moda!
Questionei alguns deles: as duas hipóteses surgiram mas, ironia, ninguém assumiu a dupla.
Bebo uma cerveja, converso e danço com alguns dos meus informantes no convívio junto à Sé Nova!

Sol
Nesta noite o Quebra Costas também está diferente, perdeu a sua clientela habitual que terá com certeza fugido para outros locais mais afastados da Sé Velha. Um amigo que encontro relembra que o “cliente tipo” do Quebra “é pouco de praxe, de traje e de fados”.
A verdade é que são muitas as pessoas da cidade que neste fim-de-semana vão para a Figueira da Foz ou para outro local mais longínquo, tentando escapar à "loucura" que avassala a cidade.


Com um dos meus informantes - profissão liberal e de meia-idade - vou à “beira-rio”… claro que tem muitos carros estacionados. Os milhares de estudantes que agora dançam nos convívios precisavam estacionar em algum sítio e a "avenida" é perfeita pelo acesso facilitado à baixa da cidade.
Esse facto serviria para afastar os homossexuais "noctívagos" do seu local de engate preferido?
Sim! E não!
Sim porque evidentemente se afastaram da avenida junto ao Estádio Universitário deslocando-se para a “estrada do rio”.
Não! Porque o álcool ingerido nesta noite pode sempre levar uma estudante mais “destemido” a enveredar por uma visita ao local de “cruising” da cidade. Significa isto que, apesar de menos ostensivamente presente junto ao Estádio, os homossexuais vão dando “fortuitos pulos” e "passeios" por aquele espaço!


Si
O sol nasce num dia que se prevê muito quente! Na Rua Larga copos de plástico e muita sujidade… e... alguns corpos, cansados e extenuados, no banco ou nas escadas dormem…
Um dos meus informantes conversa animado com um jovem… a lógica é simples... uma última tentativa de engate!

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